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o amor é o que o amor faz






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2.6.10

solidão acompanhada

Tenho um vizinho.
Entre tantos aquele preferido, o tio da rua que viu toda a criançada crescer. Um coroa, filhos criados, divorciado, vida que para ele está basicamente feita.
Como companhia aos sábados, ele sempre tem uma dose de Whisky s/ gelo, bom gosto. chega em casa sempre a tempo de escutar suas músicas; começa por beatles, passa por Elvis, rapidamente por Tina e para em Michel Polnareff. escuta 4 vezes 'Love me, please love me'. De companhia não acompanhada do outro lado do muro tem eu sentada ao lado da janela viajando junto... Penso no amor, na dor, no tédio, no trabalho, no irmão que apareceu, no pai que desisti, conto estrelas, passa o avião, passa o outro avião pensamento vai lá e VOLTA. e quando volta digo que deu pra sentir o gosto da dose rasgando garganta a dentro.
São momentos meus, meu melhor momento é quando fico só. ali. parada. quando consigo entrar um uma série de questões e perguntas intermináveis. Só quando escuto a música abaixando e o alarme do carro acionado volto pra mim, e vejo que não cheguei em conclusão nenhuma, não assimilei absolutamente nada do que precisava....

No domingo logo pela manhã, o meu vizinho sai para sua caminhada rotineira, passo por ele digo bom dia, ele abre um sorriso e me chama de flor.
Solidão para ele virou companhia junto com a música e a dose em seus sábados, tenho quase certeza que ele não gosta de sábados, nem de noite. penso que são esse dias que a solidão grita no silêncio, que ele sempre escuta as mesmas músicas e bebe o mesmo whisky sozinho.
Rs, engano o dele.


' Parfois j'ai envie
De me fondre dans la nuit.
Au matin je reprends confiance
Je me dis, je me dis:
Tout pourrais changer aujourd'hui. '

Um comentário:

Super Delarge disse...

meu post preferido
sempre encho o olho de agua
quando leio